20/06/2012

Meio ambiente e desenvolvimento sustentável

Senado ouve população brasileira sobre desenvolvimento sustentável

Para discutir o futuro do planeta Terra, representantes de 170 nações estão reunidos na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que acontece até 22 de junho na cidade do Rio de Janeiro. Entre os fóruns de debate, está a Cúpula Mundial de Legisladores, que reunirá, pela primeira vez, 300 parlamentares de 190 países, de 15 a 17 de junho. Para auxiliar o trabalho dos parlamentares, o DataSenado aplicou pesquisa de opinião sobre o tema.

O Serviço de Acompanhamento da Opinião Pública do Senado entrevistou por telefone, entre os dias 1 e 14 de junho, 1.200 moradores de 119 municípios, incluindo as capitais de todos os estados brasileiros. A margem de erro da pesquisa é de 3%, e o nível de confiança, 95%. Por meio da sondagem, o brasileiro disse o que pensa sobre a relação entre a proteção ao meio ambiente e o desenvolvimento econômico do país, a legislação nacional e os hábitos de consumo da população.


Brasileiro defende proteção ambiental

Anfitrião de duas conferências mundiais sobre meio ambiente, o Brasil mostra a importância que atribui à defesa do seu patrimônio natural: 90% dos cidadãos acreditam que preservar a natureza pode contribuir para o desenvolvimento econômico. Apenas 8% defendem que preservar o meio ambiente atrapalha o crescimento da nação.

Para 72% dos entrevistados, desenvolvimento econômico e proteção ao meio ambiente devem estar muito próximos. Já 11% acham que desenvolvimento e meio ambiente não estão nem próximos nem distantes. Outros 16% defendem que os dois devem estar muito distantes. No entanto, 92% não apoiam um crescimento que implique aumento da poluição.


Agenda verde nas eleições e combate ao desmatamento

Candidatos comprometidos com o meio ambiente poderão levar vantagem nas próximas eleições: 49% dos brasileiros ouvidos na pesquisa consideram sempre as propostas ambientais apresentadas pelos candidatos. Outros 17% afirmam levá-las em conta frequentemente. Apenas 5% dizem nunca se preocupar com propostas relativas à área.

Conscientes da importância da preservação dos recursos naturais, brasileiros relacionam o meio ambiente não apenas com a questão de desenvolvimento e sobrevivência do ser humano, mas também com a projeção do Brasil no mundo. Para 92% dos entrevistados, o país deve dar muita importância ao meio ambiente durante as negociações internacionais.

Entre os maiores entraves à sustentabilidade ambiental, são apontados o desmatamento, a poluição da água e a poluição do ar. Para 56% dos entrevistados pelo DataSenado, desmatar é o principal problema para o meio ambiente. Em segundo lugar, está a poluição da água, apontada por 23%, e a poluição do ar, considerada o principal problema por 14% do universo pesquisado.


Legislação mais rígida e cumprimento eficaz das leis ambientais

Os senadores que participarão da Cúpula Mundial de Legisladores na Rio+20 terão o apoio dos brasileiros para exigir melhor cumprimento da legislação ambiental no país. Segundo a pesquisa, o maior problema está na fiscalização das leis que protegem o meio ambiente: 40% dos entrevistados afirmam que raramente as leis aprovadas no Legislativo são cumpridas; e 19% defendem que elas nunca são cumpridas. Já 34% acreditam que apenas às vezes as leis são cumpridas.

Entre as causas para o não cumprimento da legislação ambiental no Brasil, são apontadas a corrupção, a falta de fiscalização e a ausência de educação ambiental. Um terço dos entrevistados considera a corrupção o fator que mais atrapalha. Já 26% consideram a ausência de fiscalização e 24%, a falta de educação ambiental.

Entretanto, os brasileiros avaliam como fundamental para o desenvolvimento sustentável do país a adoção de leis mais rigorosas: 71% dos cidadãos ouvidos pelo DataSenado afirmam que a legislação brasileira é branda demais. Outros 22% a consideram adequada, e apenas 4% a julgam suficientemente rigorosa. Esses dados são importantes para os legisladores que estão discutindo boas práticas legislativas e mecanismos de monitoramento dos compromissos assumidos pelos governos na Rio+20.

 

Consumo responsável na hora de comprar

O desenvolvimento sustentável não se concretiza sem uma mudança na estrutura de produção e no padrão de consumo das comunidades. Para que seja efetivo, tem que contar com a participação do setor produtivo e da sociedade civil. Por isso, a pesquisa do DataSenado também investigou hábitos dos consumidores brasileiros.

O resultado mostra, novamente, que a preservação da natureza é prioridade na hora da compra: 91% disseram preferir comprar um produto de uma empresa que respeita o meio ambiente, ainda que essa mercadoria seja mais cara. Os consumidores também procuram saber como a empresa se relaciona com o meio ambiente e com os seus trabalhadores em 54% dos casos. A mesma porcentagem (54%) costuma verificar se o produto é reciclado. Os dados devem levar a iniciativa privada a reavaliar suas estratégias de marketing e a analisar suas práticas de gestão para reforçar o compromisso com a responsabilidade social e com o desenvolvimento sustentável.

Economia verde e menos poluição

Um dos temas da Rio+20 é o transporte de baixo carbono em economias emergentes. Dessa forma, considerando o volume de exportações e a importância estratégica do Brasil no fornecimento de biodiesel — um combustível menos poluente —, a pesquisa procurou identificar a disposição dos brasileiros em abastecer seus veículos utilizando álcool, ainda que seu rendimento seja inferior ao da gasolina. Os números são bastante positivos para o meio ambiente. Se tivessem um carro funcionando a álcool e a gasolina, sendo o mesmo preço para ambos, 89% dos entrevistados disseram preferir utilizar o álcool, porque polui menos, embora a gasolina renda mais. O dado é interessante, pois revela a disposição dos consumidores em pagar pela manutenção de melhores condições ambientais.

A Rio+20 é uma grande oportunidade para reafirmar o compromisso político dos países com a busca por um modelo sustentável de desenvolvimento. Um modelo que invalida o acúmulo de riqueza como critério único para o desenvolvimento dos povos, buscando, assim, estabelecer uma intensificação dos elos entre preservação do meio ambiente e prosperidade econômica, ancorados no desenvolvimento humano. Só assim será possível construir um futuro comum para todas as nações.