e-Cidadania

Sou professor universitário e, em todas as turmas para as quais leciono, pergunto quantos fumam. Apenas uma minoria levanta a mão. Mas quando pergunto quem bebe, a resposta é unânime: uma minoria não bebe regularmente, mas a maioria consome bebida alcoólica acima do limite. Não adianta obrigar aos fabricantes colocarem em seus anúncios a inscrição "se beber não dirija", porque isto tem se mostrado insuficiente. Os jovens continuam a abusar do uso de bebidas e isto tem gerado níveis de dependência assustadores. E é razoável supor que no futuro o SUS continuará a atender números cada vez maiores de pessoas com problemas decorrentes do uso de bebida alcoólica. Neste sentido, a única medida eficaz é a proibição de todo e qualquer comercial de bebidas alcoólicas. E adicionalmente associar a bebida alcoólica com problemas de saúde, a exemplo do que se fez com o cigarro. Isso produzirá no futuro uma geração avessa ao consumo de bebida alcoólica e ampliará a qualidade de vida, diminuindo drasticamente as mortes e os prejuízos ao Estado brasileiro. Um estudo da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) concluiu que o Brasil é o 5º país das Américas a possuir o maior número de mortes em decorrência do uso de bebidas alcoólicas. E o consumo vem aumentando a uma taxa de 20% ao ano. Morrem no transito brasileiro aproximadamente 45 mil pessoas por ano. O custo destas mortes é estimado em mais de R$ 42 bilhões por ano, considerando que a média de idade dos falecidos é de 30 anos e sua expectativa de vida seria de 65 anos, podendo contribuir para a geração de riqueza no futuro. Deste total, 12% referem-se às mortes decorrentes de bebida alcoólica (R$ 4,8 bilhões por ano). Não estão inclusos nestes números os gastos que o Estado brasileiro teve até antes da morte destas pessoas, além daqueles que apresentam sequelas e que ficarão inválidos no exercício de duas profissões. Torna-se urgente assim restringir irrestritamente a propaganda de bebeidas alcoólicas para evitar mais mortes.